Partilho com toda a turma a seguinte conversa que tive ontem com um ex-estudante desta disciplina, no Facebook, onde aparece com o pseudónimo de Adam Smith. Tal como ele, imagino que muitos dos estudantes actuais deverão achar os métodos e actividades aplicados na EdD2020 uma grande chatice. Espero que, no futuro, muitos de vocês venham a apreciar o valor da chatice que agora têm que aturar para passar à Cadeira.
14:27
Adam Smith:
Boa Tarde Prof. Eu sou José Ganhane seu antigo Estudante de Economia. Na altura o prof. Ensinou a lhe dar com plataformas digitais e contacto com bases de dados no Desenvolvimento Económico e Economias de Ciências sociais. Eu confesso que tive boas notas porque era empenhado mas eu e os meus colegas achávamos aquilo uma chatice. Felizmente quando comecei o meu Doutoramento aqui na Suécia o dia dia é plataforma o prof coloca todo o material lá e uma das bases mais comuns é PWT, e o Zotero para as referências e quando chegou o Covid 19 nada parou o exames são feitos em formato do que o Prof. Chamava de Quiz. Agora queria sabes porque Prof. Não introduz esses meios para a UEM inteira porque tem experiência com isso.
22:17
António Francisco:
Viva José Ganhane. Que bom receber notícias tuas. Mais satisfeito fico em saber que aquelas chatices que tiveste nas minhas aulas, afinal, agora reconheces serem úteis no teu Doutoramento. Lembras-te que aquelas chatices baseia-se num dos lemas de ensino que geralmente anuncio no início das aulas? “Quanto mais o professor fala menos é ouvido”. Por isso, investo em vez de perpectuar os métodos tradicionais focados na oralidade, aquelas chatices a que te referes são a melhor opção para garantir que os estudantes aprendam, fazendo. Nunca é tarde para se reconhecer o valor do que é útil na vida. Obrigado por partilhares esse reconhecimento nesta tua mensagem. O facto de estares a usar no teu Doutoramento plataformas como o Moodle que uso desde 2008, ou outras ferramentas poderosas como o R e o Zotero, ou ainda o tipo de bases de dados estatísticas como a PWT, significa que a nossa Faculdade bem pode posicionar-se melhor na linha da frente do uso de métodos de ensino e investigação modernos. Mas para isso é preciso reconhecer a importância daquelas chatices metodológicas e pedagógicas que agora reconheces serem úteis. Tal como aí, na Suécia, como dizes, nada parou no ensino devido ao Covid-19, também aqui, a imposição do Estado de Emergência em nada tem prejudicado as minhas aulas de Economia do Desenvolvimento. Desde meados de Março não temos aulas presenciais, mas os meus estudantes continuam a trabalhar normalmente, precisamente porque dispõem de uma sala virtual, como tu tiveste, onde se pode dispor material, avaliar e dar notas. Neste momento os próprios estudantes estão a concluir uma avaliação de pares do TP2, numa actividade designa Workshop. Para tornar isto possível, ao longo dos últimos 12 anos eu próprio tenho pago anualmente um domínio na internet onde hospedei o Moodle e a minha sala virtual “bazarconomia”. Tive que optar por esta via porque o CIUEM nunca me garantiu uma alternativa similar, muito menos melhor. Quanto à introdução destes métodos e recursos na Faculdade de Economia, ou mesmo na UEM em geral, vamos ver o que se pode fazer. Tudo irá depender do efeito que o choque provocado pela epidemia do novo coronavírus. Se for minimamente forte para provocar uma mudança real no ambiente institucional universitário, espero que as condições se tornem propícias para algumas mudanças positivas. Mudanças que valorizem o tipo de experiência que tenho tido e que correspondem às práticas implementadas em qualquer universidade que opte pela modernização. Como sabes, não é fácil mudar de hábitos. Muito dinheiro já foi gasto no passado para se criar um sistema de ensino online na nossa Faculdade de Economia, mas qual foi o resultado? Quanto à tua pergunta final, curiosamente, ontem o nosso Director da Faculdade pediu-me para coordenar uma Comissão que deverá arrolar um conjunto de necessidades, a fim de serem submetidas à Reitoria, com o objectivo de obtermos algum apoio financeiro do Ministério de Educação ou da UEM, para a introdução do ensino online na Faculdade. Vamos ver o que se consegue fazer. Boa sorte no teu trabalho e cá te esperamos para te juntares aos que apostam e investem na modernização do nosso ensino universitário. Abraços, AF
António Francisco:
Como podes ver, a bazarconomia continua viva - http://www.bazarconomia.org/. O teu nome ainda continua no arquivo.
Adam Smith:
Muito obrigado Prof. Abraços.